Cerca de 90% dos adultos americanos consomem mais sal do que o recomendado pelos guidelines norte-americanos, o que pode contribuir para o desenvolvimento da hipertensão arterial1 e consequentemente de doenças cardiovasculares2 e renais. Por isso o governo americano quer reduzir a quantidade de sal ingerida para a nova recomendação de até 1.500 mg de sódio por dia para todos os adultos.
Comer muito sódio, um componente chave do sal, pode contribuir para o desenvolvimento da pressão alta, um fator de risco3 maior para a maioria das pessoas à medida que envelhecem porque está ligado a doenças cardiovasculares2 e problemas renais.
Cortar o sal da dieta é difícil, principalmente porque as pessoas não sabem onde ele se encontra. Segundo dados do Centers For Disease Control and Prevention (CDC), mais de três quartos do sal consumido (77%) está em alimentos processados4 e comidas de restaurantes. Apenas 5% é acrescentado aos alimentos durante o cozimento e 6% é proveniente do saleiro à mesa. Muito do sódio que ingerimos não está nas comidas que têm gosto salgado, como por exemplo pães embalados e pratos com frango.
Esforços prévios focaram em cortar o açúcar5 para reduzir a obesidade6 e reduzir as gorduras para ter um coração7 saudável. Depois de quatro décadas de tentativa de cortar o sal dos americanos e ver apenas o aumento do consumo, o governo está intensificando os seus esforços para reduzi-lo.
Um comitê do U.S. Dietary Guidelines, a ser publicado ainda este ano pelo governo federal americano, recomendou recentemente que todos os adultos restrinjam o consumo de sódio a não mais do que 1.500 mg por dia, o equivalente a dois terços de uma colher de chá de sal de cozinha, ao invés do limite atual recomendado para algumas pessoas de 2.300 mg ao dia. Para muitos, isso não representa uma mudança. O guideline dietético publicado a cada cinco anos já sugere o limite de 1.500 mg ao dia para pessoas com hipertensão arterial1, todos com mais de 40 anos de idade e negros, os quais têm um risco aumentado para desenvolver pressão alta – grupo que representa 70% de toda a população adulta.
Hoje em dia, adultos americanos consumem em média 3.400 mg de sódio ao dia, não incluindo o sal usado para cozinhar os alimentos ou o sal do saleiro à mesa, o que já é mais do que duas vezes a recomendação para a maioria das pessoas, de acordo com um estudo recente do CDC. Homens de meia idade estão comendo em média cerca de 54% mais sal hoje do que no início da década de 70. Para as mulheres o consumo aumentou 67% neste período.
A melhor maneira de reduzir o sal da dieta é cortar os alimentos processados4 e as comidas de restaurantes, comer produtos frescos e reduzir o tamanho das porções ingeridas. Os nutricionistas recomendam comer grãos integrais ao invés de pães – uma fatia de pão embalado pode conter 150 mg a 200 mg ou mais de sódio. Diminuir o sal gradualmente ajuda as papilas gustativas a se adaptarem ao gosto menos salgado dos alimentos.
Quando você comprar alimentos processados4, procure itens com menos de 300 mg de sódio por porção ou não mais de um miligrama de sódio por caloria8 do alimento, segundo alerta da Harvard School of Public Health.
Alguns consumidores mantêm o foco na redução de ingestão de gorduras e podem não notar que os alimentos que consomem, e pensam ser saudáveis, podem ter muito sódio.
Reduzir o sódio dos alimentos é difícil para os fabricantes, pois é um ingrediente barato, que não só melhora o sabor dos alimentos, mas os conserva por mais tempo e também mantém os queijos firmes. Mesmo assim, várias empresas de produtos alimentícios estão reduzindo o sal gradualmente para que os consumidores não sintam tanto a diferença no paladar ou lançando novos produtos com quantidade reduzida de sal. Novas tecnologias também estão sendo usadas.
O organismo necessita de alguma quantidade de sal para funcionar apropriadamente, como para a manutenção do equilíbrio de fluidos e a importância do iodo presente no sal de cozinha para evitar problemas de tireoide9. O excesso de sódio é corrigido pelo funcionamento dos rins10, mas quando os rins10 não podem eliminar uma quantidade excessiva, o que sobra pode levar a um aumento do volume sanguíneo, aumentando a pressão arterial. A hipertensão arterial1 está associada a doenças cardíacas, derrame11, doenças renais e outros problemas de saúde.
Este é um problema de saúde pública. Falar para as pessoas simplesmente reduzirem o sal na dieta pode não ser o suficiente, pois isso não inclui apenas uma decisão pessoal. A indústria alimentícia precisa participar reduzindo o sal dos alimentos que compramos nos supermercados.
Fonte: Wall Street Journal – Personal Journal
O chocolate está associado a um risco mais baixo de "derrame" (acidente vascular encefálico - AVE).
Uma nova revisão sistemática de pesquisadores canadenses sugere que um alto consumo de chocolate pode estar relacionado a um risco mais baixo de acidente vascular encefálico (AVE) incidente e mortalidade associado ao AVE.
Os resultados de 2 estudos de coorte prospectivos evidenciaram, respectivamente, uma redução de 22% no risco de AVE naqueles que consumiram uma porção de chocolate por semana e uma redução de 46% na mortalidade por AVE pelo consumo semanal de flavonóides contidos em 50g de chocolate vs nenhum consumo. Um terceiro estudo não mostrou qualquer associação entre a ingesta de chocolate e o AVE ou morte.
Entretanto, o número de estudos observando esta relação foi pequeno, o autor principal, Gustavo Saposnik, médico, do St. Michael's Hospital e da University of Toronto, Canadá, disse à Medscape Neurology. "Precisamos de mais estudos prospectivos que identifiquem especificamente o tipo e a quantidade de chocolate, incluindo a quantidade de flavonóides incluída na composição do chocolate, para fazer conclusões mais válidas”, disse ele.
Os resultados foram divulgados antes de sua apresentação programada no próximo 62º encontro anual da American Academy of Neurology.
Alimentos com adição de açúcares estão associados a dislipidemia (alteração nas gorduras no sangue)
High Intake of Added Sugars Linked to Dyslipidemia Among U.S. Adults
Ingestão elevada de alimentos que têm adição de carboidratos está associada a um risco aumentado de baixo HDL-colesterol, que é o chamado "bom colesterol", de acordo com um estudo publicado no JAMA (Journal of the American Medical Association).
Os pesquisadores estudaram 6.000 adultos que participaram da Enquete Nacional sobre Saúde e Nutrição. Consumo de açúcar adicionado (por exemplo, xarope de milho com elevado teor de frutose e adoçantes calóricos usados em alimentos preparados) foram calculados de acordo com o consumo dietético relatado de 24 horas).
Em análises com ajustes, a chance de ter um HDL baixo e triglicérides elevados aumentou significativamente com a ingestão aumentada de açúcares adicionados. Por exemplo, comparados com adultos que consomem menos de 5% de sua ingestão calórica total de açúcares adicionados, aqueles que consomem entre 17,5% - 25% têm cerca de duas vezes mais chance de ter níveis de HDL baixos.
Os pesquisadores não encontraram nenhuma associação consistente entre açúcares adicionados e LDL-colesterol.
JAMA article (Free)
American Heart Association's scientific statement on dietary sugars and cardiovascular health (Free PDF)
Hipertensão arterial: comum, causa de AVC - Acidente Vascular Cerebral (derrame) e infarto do miocárdio precoces e facilmente tratável.
A hipertensão arterial pode ser prevenida ou postergada com as medidas usuais tão disseminadas atualmente: dieta pobre em gorduras animais, rica em vegetais, com pouco sal, além da manutenção de peso ideal e atividade física regular (no mínimo, caminhadas de 30 min por dia, 5 vezes por semana).
Quando já instalada, e isso acontece em cerca de 20 a 25% da população adulta jovem e em 50% dos indivíduos com mais de 65 anos, frequentemente necessita de medicamentos, além das recomendações acima citadas.
Esses medicamentos são conhecidos há décadas, são seguros e raramente podem causar efeitos colaterais.
O Brasil está dentre os países com maior incidência de derrames (AVC). Um dos motivos mais importantes disso é o fato de que grandes parcelas da população não consideram importante o uso continuado de medicamentos desde que não apresentam sintomas - então pensam que, se nada sentem, não é importante tomar remédios continuamente. Infelizmente, ocorrido o derrame, frequentemente ficam sequelas, como por exemplo, paralisias, e aí não tem mais volta - a única esperança é a de se passar a tratar da hipertensão arterial para evitar *novos* derrames: o que já aconteceu tem efeito irreversível.
Pessoas com pressão arterial *na média* consistentemente igual ou superior a 140x90mmHg (ou, como se diz, 14 por 9) depois de 6 meses com as medidas acima citadas, devem tomar medicamentos para o controle da pressão. A imensa maioria dessas pessoas - 95% - precisarão tomar medicamentos continuamente, para sempre, se quiserem adiar as complicações causadas pela hipertensão arterial. O tratamento irregular ou intermitente da hipertensão arterial de nada adianta; é um modo de se perder tempo e dinheiro e nada se beneficiar.
Tratar a hipertensão arterial é a melhor forma de prevenir ou postergar derrames.
Melhora dos Sintomas da Angina: angioplastia ou implante de stent não são necessariamente melhores do que o tratamento com medicamentos.
Como já é conhecido, angioplastia com ou sem implante de stent na doença coronariana estável não tem nenhuma vantagem em termos de diminuição na incidência de infarto do miocárdio ou morte e sua principal indicação é o alívio da angina. Entretanto, alguns estudos realizados depois do aperfeiçoamento de determinados medicamentos sugerem que a angioplastia com ou sem stent não é muito melhor para a diminuição dos sintomas anginosos.
Em uma revisão sistemática de 14 estudos envolvendo 7818 pacientes com coronariopatia estável (sem sintomas progressivos), muitos com infarto do miocárdio prévio e a maioria com função cardíaca normal, com seguimento de 1 a 10 anos, mostrou que no final dos estudos 73% dos pacientes que se submeteram a angioplastia versus 64% dos pacientes que receberam somente medicamentos estavam livres de angina. Entretanto, nos estudos realizados depois do ano 2000 a diferença não era mais significativa (77% versus 75%).
O tratamento clínico com medicamentos deve ser otimizado antes de se enviar os pacientes para cateterismo e angioplastia / stents.
Referência.
Wijeysundera HC et al. Meta-analysis: Effects of percutaneous coronary intervention versus medical therapy on angina relief. Ann Intern Med 2010 Mar 16; 152:370.